segunda-feira, 2 de maio de 2011

Tão longe e tão perto

Hoje venho falar de dois assuntos distintos, mas que mereceram a minha atenção durante este dia.

O primeiro é o facto de o Hospital dos Capuchos se ter transformado num local de protesto. Eu acredito que, para além da confusão com as consultas de oftalmologia, as pessoas ainda vinham com força do dia do 1º de Maio.

O hospital garantiu que vai ter condições para que não haja mais situações destas. Mas a verdade é que ouvimos na televisão inúmeras pessoas a voltar para casa sem consulta e outras a desistir. Já todos sabemos que uma das realidades em Portugal são as listas de espera. E outra ainda: a falta de médicos. Mas vêm estrangeiros. Nada contra, a sério. Desde que este tipo de confusões acabe. Desde que o sistema nacional de saúde tenha credibilidade suficiente para lhe chamarmos isso e que todos tenhamos acesso ao mesmo tipo de serviços. Mas não é isso que acontece. Eu própria conheço alguém que foi para marcar uma consulta hoje de manhã e que desistiu mal chegou ao hospital. É ou não incrível que para consultas deste tipo haja apenas dois dias por ano para marcações? É tão óbvio que isso vai criar problemas! A afluência de pessoas ao Hospital dos Capuchos teve como causa esta boa organização. Ou então foi porque, de repente, todos acharam que estavam a ver mal quando leram: "Bin Laden morto".

Henricartoon (Sapo)

Pois é, o número um da lista dos procurados pelo FBI morreu hoje. Interessante é também o facto de os americanos terem sepultado o corpo de Bin Laden no mar. Para alguns muçulmanos, isso é um detalhe anedótico. E por acaso até é. Já vamos ver porquê mais à frente.

Outros duvidam de que Bin Laden esteja morto. Pudera, com Photoshop mal feito toda a gente vai duvidar das verdadeiras notícias. E aposto que quem conseguiu ver que a fotografia era montagem foi o único doente a conseguir consulta de oftalmologia! Vi comentários em todo o lado, porque gosto de ver a opinião das pessoas após notícias destas. Li dizerem que deitaram o corpo às águas do Paquistão porque ninguém iria aceitar receber o corpo. Li também dizerem que era uma estratégia dos Estados Unidos para reduzirem a força de Bin Laden ser uma grande figura de culto. Eu acho que não reduz nada. Li ainda (e acrescento: é ridículo) que deitaram o corpo na água por ser degradável e porque na terra podiam ir desenterrá-lo. Certo. Eu acredito na segunda hipótese...agora, por ser degradável? Eu sei que todos temos um Recycle Bin no Ambiente de Trabalho e que Bin (trash can) Laden (loaded) num inglês mais rasca possível é "cheio de lixo" (confirmem num dicionário), mas não levemos as coisas à letra.

Eu não tenho dúvidas de que o terrorista foi atirado às águas e de que está morto. Nem de que o teste de ADN foi feito antes disso. Houve tempo para tudo. Aliás, comprovem no Jornal de Notícias de hoje que foi encontrado por pescadores um cadáver a flutuar no mar a sul de Sagres. Também podem ler na versão online, na secção Faro > Vila do Bispo. Se contarmos com o facto desta ser uma notícia saída às 18h10...mesmo assim, foi rápido! Ainda fui ao site do Instituto de Meteorologia ver se percebia alguma coisa da ondulação, mas desisti. Agora, com a média da temperatura da água a 16º nem sequer enviam o senhor com uma pranchita, não fosse acordar pelo caminho? Mas vá, pelo sim pelo não, é melhor que Donald Trump exija a cédula de óbito de Osama.

Continuando, não entendo o porquê da queda do petróleo aquando do anúncio da morte de do senhor. Vamos ver se a descida do outro negro se reflecte numa queda dos preços da gasolina, do gasóleo, dos transportes. Gostava de me enganar, mas daqui a uns dias isto vai mudar tudo outra vez. Reacções psicológicas temporárias, dizem eles. Era bom que não fosse. É verdade, mantenham-se protegidos. Não vá entrar pelo vosso computador um dos novos vírus criados com isto tudo.

Vamos voltar ao nosso buraquinho. Em Portugal temos sempre em mente que nada nos acontece. Que no nosso cantinho à beira mar plantado há poucas tempestades, muita serenidade e que ninguém nos liga. Aqui não acontece nada - tirando a crise, claro. Mas as coisas estão tão longe como podem estar perto. Não nos podemos esquecer de que Portugal é aliado dos Estados Unidos. Vai ser a sua asa a defender-nos mas, muito provavelmente, seremos levados em voos com eles. Literalmente ou não. Acredito em retaliações mas também acredito na força da prudência. Digo ainda, acredito que Al-Qaeda é muito mais do que um só nome, muito mais do que um símbolo que teve o seu último dia hoje. Seja Al-Awlaki ou outro qualquer, isto não vai acabar por aqui.

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