Há uns tempos, recebi um convite da minha professora de Português e Literatura dos 10º e 11º anos - prof. Emília Ralo - para estar na Academia dos Saberes da Universidade Sénior, em Loures, numa aula aberta sobre “O que lêem e escrevem os jovens de hoje”.
Na quinta-feira, dia 12, foi o dia de estarmos presentes (eu e dois colegas da mesma escola secundária) para falarmos um pouco das nossas experiências, como leitores e “escritores”, a pessoas que, agora, muitos anos depois, voltam à escola. Perguntas como O que lês? O que escreves? Quando, porquê? Quando despertaste para a leitura e para a escrita? O que contribuiu para esse interesse? e a leitura de uma produção nossa serviram de mote para a nossa exposição.
Devo dizer-vos que gostei imenso. Aquelas pessoas mostraram-se disponíveis para nos ouvirem e deram-nos uma oportunidade para provarmos que, afinal, como um deles disse, os jovens também se interessam pela cultura. Porque, sim, essa ideia feita ainda está muito carimbada nas pessoas, quanto mais não seja pela repetição insistente de frases como a juventude está perdida ou isto no meu tempo não era nada assim. Balelas, perdoem-me. Como em todas as gerações há pessoas que se mostram interessadas e outras não. Há pessoas que merecem o estímulo que lhes é dado, há outras que, por muito estimuladas que sejam, qualquer apelo será sempre infrutífero. É mesmo assim, seja na literatura, nas artes, na política, no que for.
Foi muito agradável responder às perguntas, ver a reacção que tiveram àquilo que lhes lemos, receber todos os beijinhos no fim a as palavras entusiastas de quem via em nós um futuro mais colorido. Não que sejamos os maiores, mas talvez porque as ideias que estão formadas acerca de nós sejam bastante cinzentas. E acho que os nossos três exemplos conseguiram desmistificar um pouco isso. Pelo menos assim o espero.
Depois, tenho de revelar que fiquei encantada. Isto porque admiro verdadeiramente as pessoas como aquelas para quem falei na quinta-feira. Acho o conceito de Universidade Sénior fascinante e mais ainda fascinantes as pessoas que voltam a estudar tantos anos depois, mostrando, também, como me disse uma senhora, que as pessoas mais velhas não se interessam só pelas novelas da sic e da tvi, mas também gostam de ler, escrever, estar na internet e no facebook, confessou de sorriso aberto.
Para mim, futura jornalista, um senhor deixou um conselho: nunca inventes notícias. Há coisas a acontecer todos os dias, não é preciso inventar o que não existe. Assim o farei.
Um agradecimento a todos. Espero voltar. Quem sabe para fazer uma reportagem. Gostaria imenso e vou guardar a ideia.
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Nota: Para a semana, em princípio, vão chegar algumas fotografias.
Catarina Nunes
(podem ler o mesmo artigo e outras coisas minhas aqui)