quarta-feira, 30 de março de 2011

Crónica


Transportes "a pé"
Sabe-se que os transportes públicos são um meio de transporte que muitos portugueses adoptam para fazer as suas deslocações casa-trabalho trabalho-casa. E, com a crise actualmente vivida, e com o preço da gasolina a ultrapassar 1,50€, muitos portugueses decidiram deixar o carro em casa e passarem a comprar passes intermodais para irem trabalhar.

No entanto, andar de transportes públicos também já não se torna uma solução, pelo menos em Lisboa. O meio de transporte preferido pelos portugueses é, sem dúvida, o Metro. Isto sabe-se porque este está sempre cheio na chamada ‘hora-de-ponta’ e quando o Metro faz greve, a cidade enche-se de carros – pessoas que tomaram precauções devidas – ou então autocarros atrasados e cheios de passageiros apertadinhos uns aos outros. 

A seguir vem o autocarro, que, apesar de parar muitas vezes, dependendo da carreira, pára em sítios específicos da cidade, deixando logo a maior parte dos passageiros: falo, por exemplo, da carreira da Carris 750, que pára no Campo Grande, ou a carreira 22, que pára no Areeiro, Saldanha e Marquês de Pombal.
E, por último, o comboio. Os percursos são fixos, não existe grande flexibilidade de linhas nem de horários. Mas se se quer ir para um sítio específico, todos os dias, à mesma hora, então o comboio é muito bom, porque não se atrasa e o trânsito é nulo.

Porém, já nenhum destes transportes é, digamos, 80% fiável. Digo isto pela minha própria experiência. Vamos, então, pegar neste mês de Março. 

A CP está em greve o mês inteiro – a última foi na terça-feira - o que significa que, todos os dias, nunca se sabe muito bem qual comboio é que se vai apanhar e a que horas. 

A Carris tem estado normal, mas é afectada pelas outras greves. Nomeadamente o 750, que parte relativamente sempre à mesma hora, mas que, se o Metro falha algum dia, atrasa-se, e as pessoas esperam mais de vinte minutos na paragem. Não se apanha o próximo, mas sim o segundo a seguir daquele que se apanha habitualmente e que, nesse dia, por causa do Metro, falhou. E o tal atraso fez com que a fila na Gare do Oriente desse a volta toda ao terminal, porque demorou-se cerca de sete minutos a deixar que todos entrassem, mesmo notando-se que o autocarro encheu passados três minutos.

O Metro é eficaz, todavia agora com duas próximas greves e com algumas avarias hoje e no outro dia, torna-se difícil criar a rotina de ir no Metro. E se ele falha, vai-se para a interminável fila de autocarro.
Eu gostava muito dos transportes deste país. Poderia não ser tão cómodo e talvez rápido como ter um próprio carro. Mas, habituando-se aos horários e conhecendo os percursos a fazer, tornava-se fácil andar quer de Metro, quer de autocarro da Carris, camioneta da Rodoviária de Lisboa ou até de comboio. Agora, com a guerra entre os transportes e o Governo e consecutivamente com as greves, todos autocarros, camionetas, metros e comboios estão a criar uma confusão enorme nos próprios horários das pessoas, quer seja para o trabalho, para a escola, ou para a faculdade!

Os transportes são de facto muitos importantes quanto ao dinamismo da cidade e às rotinas de trabalho e lazer do cidadão. Sem transportes, e contando que muitos portugueses não têm carro “sustentável”, as pessoas não trabalham, não se produz, e o país pára. É essa a situação que actualmente vivemos. E tal situação não pode continuar! Se não daqui a uns meses, se alguma coisa não se resolve, das duas uma: ou agarro na minha bicicleta e vou até Benfica…ou até vou fazer jogging até lá. Desde que o professor entenda o atraso (ou então também ele está ao meu lado a pedalar…).

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