Onde está o nosso civismo?
Hoje decidi deixar a política de lado e deixar o desporto a um canto. Hoje decidi desligar a televisão, esquecer o Passos Coelho, a Merkel, o Kadhafi, as centrais nucleares do Japão. E vir falar de algo diferente. No outro dia saí de casa para ir para a faculdade. Andei pela rua fora e, quando virei à direita, tropecei em algo. Não, não era um jornal com o Sócrates na capa. Nem sequer me apetece comentar assuntos relativos. Não, também não era um jornal com o Presidente errado do Sporting na capa. Vamos esquecer também isso por agora. O que era, afinal? Era um saco preto, longe da lixeira. E com lixo dentro! A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "Custa muito meterem isto dentro do caixote? É preciso deixar isto aqui à deriva no meio do passeio?"
Infelizmente, Portugal não é dos países mais limpos. Está longe disso. E a revolta fez-me escrever este texto.
Eis uma coisa que sei desde pequena: deitar uma pastilha elástica para o chão pode parecer insignificante, mas é muito negativo para o planeta. E isto não é daquelas conversas que temos na Primária, ou no Básico. Simplesmente, o nosso planeta não precisa apenas de ser cuidado quando temos 5, 6, 7 ou 8 anos de idade. Precisa de ser cuidado ao longo da nossa vida. Se é que queremos ter uma, digna pelo menos. E quem acha que este é um assunto que deve morrer com a transição para adultos, está muito enganado. A menos que queira morrer com ele. Mas se querem ver as coisas de outra maneira...a nossa preguiça leva a coisas extremamente bonitas. Adoro especialmente aquelas épocas de Inverno em que, quando chove a potes, os esgotos entopem. Os carros na capital passam a ser barcos e às vezes vêem-se umas baleias verdes a nadar. Às vezes gostam de vir dar beijinhos aos carros. Têm rodas e tudo! À primeira vista, até diria que eram caixotes do lixo a boiar. Mas não, Lisboa passa a ser Veneza! E de Verão já passa! Lisboa volta a ser o que era. O que é que interessa ela ser assim, o país ser assim? Penso que todos se lembram de um projecto que houve há meses, chamado Limpar Portugal. É incrível que, segundo notícias deste mês, dois terços dos locais que foram limpos já estejam cheios de lixo outra vez. A parte positiva, segundo o porta-voz da Associação Mãos à Obra (AMO) Portugal, é estar um terço limpo. Eu leio e digo: quantas semanas serão precisas para esse terço se juntar aos outros dois? Poucas. E assim não vamos a lado nenhum.
Há umas semanas disseram-me uma coisa interessante. Estava a falar com um rapaz sobre viagens. Ele contou-me que num país da Fino-Escandinávia, onde um conhecido morava, as pessoas davam muito mais importância ao domínio comum do que ao domínio privado. E passando a citá-lo, digo a cada um de vós o mesmo: "Deixa-me explicar". Algo que seja utilizado por todos é poupado. Ninguém pensa como nós: "Se estragar, alguém paga". Palavras que não são minhas, mas que podiam muito bem ser. Porque a verdade é que a nossa sociedade é egoísta. E esquecemo-nos dos outros, cobrindo a sua existência com os nossos interesses pessoais. Volto ao Limpar Portugal. Sabem onde nasceu a ideia? Na Estónia. Não sei o que é que estes países têm a mais que nós neste sentido, mas que há algo há. E mais não digo. Não sei se deixámos de nos preocupar porque já não temos esperança em nada. Mas isto é como a política, se não lutamos por aquilo que acreditamos ser certo, mas vale nem criticar. É votar em branco, que é como quem diz, ficar à janela a ver os homens do lixo na recolha. Pronto, se fizermos as coisas como deve de ser, votar em branco até pode ser bom. Mas como isto é muito pano para mangas...
Será que somos tão cegos ao ponto de não conseguir ver que tratar do ambiente à nossa volta é tratar de nós? E será que nunca nenhum de nós disse que reciclar era uma seca? No nosso país passa completamente ao lado, por exemplo, que a Sociedade Ponto Verde tenha 15 anos. Sejamos realistas. "O que é isso?" - dirá, talvez, uma boa parte da população. Sei que a conversa é velha, mas reciclar é tão simples. É melhor transformar uma garrafa numa jarra, em vez de a atirar para o canto mais próximo e dar abrigo a um rato. Não é que ele não precise, mas de certeza que o vai encontrar noutro sítio. E como é que é possível que apenas 16% do lixo seja reciclado no nosso país? Na vila onde moro, a olho, talvez 70% do lixo esteja fora dos sítios devidos. E olhem que os caixotes não são assim tão altos!
Agora, de repente, lembrei-me de uma foto que tirei aqui há umas semanas, na companhia de uma amiga. Ironicamente, um dos sacos no monte de lixo diz: "Proteja o Ambiente". Ora vejam:
Hoje decidi deixar a política de lado e deixar o desporto a um canto. Hoje decidi desligar a televisão, esquecer o Passos Coelho, a Merkel, o Kadhafi, as centrais nucleares do Japão. E vir falar de algo diferente. No outro dia saí de casa para ir para a faculdade. Andei pela rua fora e, quando virei à direita, tropecei em algo. Não, não era um jornal com o Sócrates na capa. Nem sequer me apetece comentar assuntos relativos. Não, também não era um jornal com o Presidente errado do Sporting na capa. Vamos esquecer também isso por agora. O que era, afinal? Era um saco preto, longe da lixeira. E com lixo dentro! A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "Custa muito meterem isto dentro do caixote? É preciso deixar isto aqui à deriva no meio do passeio?"
Infelizmente, Portugal não é dos países mais limpos. Está longe disso. E a revolta fez-me escrever este texto.
Eis uma coisa que sei desde pequena: deitar uma pastilha elástica para o chão pode parecer insignificante, mas é muito negativo para o planeta. E isto não é daquelas conversas que temos na Primária, ou no Básico. Simplesmente, o nosso planeta não precisa apenas de ser cuidado quando temos 5, 6, 7 ou 8 anos de idade. Precisa de ser cuidado ao longo da nossa vida. Se é que queremos ter uma, digna pelo menos. E quem acha que este é um assunto que deve morrer com a transição para adultos, está muito enganado. A menos que queira morrer com ele. Mas se querem ver as coisas de outra maneira...a nossa preguiça leva a coisas extremamente bonitas. Adoro especialmente aquelas épocas de Inverno em que, quando chove a potes, os esgotos entopem. Os carros na capital passam a ser barcos e às vezes vêem-se umas baleias verdes a nadar. Às vezes gostam de vir dar beijinhos aos carros. Têm rodas e tudo! À primeira vista, até diria que eram caixotes do lixo a boiar. Mas não, Lisboa passa a ser Veneza! E de Verão já passa! Lisboa volta a ser o que era. O que é que interessa ela ser assim, o país ser assim? Penso que todos se lembram de um projecto que houve há meses, chamado Limpar Portugal. É incrível que, segundo notícias deste mês, dois terços dos locais que foram limpos já estejam cheios de lixo outra vez. A parte positiva, segundo o porta-voz da Associação Mãos à Obra (AMO) Portugal, é estar um terço limpo. Eu leio e digo: quantas semanas serão precisas para esse terço se juntar aos outros dois? Poucas. E assim não vamos a lado nenhum.
Há umas semanas disseram-me uma coisa interessante. Estava a falar com um rapaz sobre viagens. Ele contou-me que num país da Fino-Escandinávia, onde um conhecido morava, as pessoas davam muito mais importância ao domínio comum do que ao domínio privado. E passando a citá-lo, digo a cada um de vós o mesmo: "Deixa-me explicar". Algo que seja utilizado por todos é poupado. Ninguém pensa como nós: "Se estragar, alguém paga". Palavras que não são minhas, mas que podiam muito bem ser. Porque a verdade é que a nossa sociedade é egoísta. E esquecemo-nos dos outros, cobrindo a sua existência com os nossos interesses pessoais. Volto ao Limpar Portugal. Sabem onde nasceu a ideia? Na Estónia. Não sei o que é que estes países têm a mais que nós neste sentido, mas que há algo há. E mais não digo. Não sei se deixámos de nos preocupar porque já não temos esperança em nada. Mas isto é como a política, se não lutamos por aquilo que acreditamos ser certo, mas vale nem criticar. É votar em branco, que é como quem diz, ficar à janela a ver os homens do lixo na recolha. Pronto, se fizermos as coisas como deve de ser, votar em branco até pode ser bom. Mas como isto é muito pano para mangas...
Será que somos tão cegos ao ponto de não conseguir ver que tratar do ambiente à nossa volta é tratar de nós? E será que nunca nenhum de nós disse que reciclar era uma seca? No nosso país passa completamente ao lado, por exemplo, que a Sociedade Ponto Verde tenha 15 anos. Sejamos realistas. "O que é isso?" - dirá, talvez, uma boa parte da população. Sei que a conversa é velha, mas reciclar é tão simples. É melhor transformar uma garrafa numa jarra, em vez de a atirar para o canto mais próximo e dar abrigo a um rato. Não é que ele não precise, mas de certeza que o vai encontrar noutro sítio. E como é que é possível que apenas 16% do lixo seja reciclado no nosso país? Na vila onde moro, a olho, talvez 70% do lixo esteja fora dos sítios devidos. E olhem que os caixotes não são assim tão altos!
Agora, de repente, lembrei-me de uma foto que tirei aqui há umas semanas, na companhia de uma amiga. Ironicamente, um dos sacos no monte de lixo diz: "Proteja o Ambiente". Ora vejam:
E a imagem vale por tudo isto. Vá lá...sem defender coisa alguma, e concordem ou não, ao menos se ajudarmos nisto podemos poupar o Governo a críticas neste sentido.
Será que podemos deixar de lado o preconceito de ser um assunto para ensinar aos filhos? Ou queremos andar de gôndola no Inverno e tropeçar em garrafas e sacos no Verão?
Será que podemos deixar de lado o preconceito de ser um assunto para ensinar aos filhos? Ou queremos andar de gôndola no Inverno e tropeçar em garrafas e sacos no Verão?
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