sexta-feira, 25 de março de 2011

Crónica

Haverá certamente quem seja anti-esta crónica

Pode-se dizer que eu sou anti-praxe, anti-rivalidade Porto/Lisboa, anti-maluquinhos do futebol, quase anti-futebol, anti-acordar cedo ao fim-de-semana, anti-acordo ortográfico (já agora, venham espreitar isto), anti-aulas às oito da manhã, anti-manifestações de pessoas que se dizem à rasca mas não estão, anti-discriminações negativas e positivas (por exemplo, anti-dia da mulher), e anti-mais uma série de coisas. Mas esta semana e daqui em diante sou especialmente anti-eleições antecipadas.
Primeiro, porque não creio que estas eleições vão mudar alguma coisa. Vai ser mais do mesmo: metade do país não vai querer saber (em junho, é muito melhor ir à praia do que ir votar) e a outra metade vai, com toda a legitimidade que a democracia lhe dá, votar mal. Claro que agora podem vir aí dizer - cheios de razão - que isso do votar mal é só a minha opinião. Claramente, é só a minha opinião. A minha opinião é que o Passos Coelho não vai resolver nada do que o Sócrates não resolveu. Admito que nenhum dos outros líderes da oposição é alternativa suficiente. Mas não vejo sequer nenhuma alternativa no Passos Coelho: parece-me demasiado parecido com o Sócrates. Será que é do ar de betinho que os dois têm, ou será algo mais?
Segundo, porque me parece óbvio que se o país está em crise e o que falta é dinheiro não faz muito sentido gastar 18 milhões de euros num processo eleitoral que não vai mudar nada. Já se viu que com ou sem Sócrates as medidas de austeridade mantém-se. Não sei se será a única solução para pôr o país no sítio, não sou especialista em economia. Mas mesmo que andem por aí génios com a certeza de que há outra forma possível de endireitar (este verbo neste contexto pode ser muito mal entendido por quem não me conhece; mas como foi assim que escrevi, não mudo) as nossas contas, não são esses os que estão na corrida ao Palácio de São Bento. Portanto, parecia-me lógico deixar lá estar o Sócrates. E ninguém quer cá o FMI. Ou melhor, há quem queira mas não devia querer. Se mandamos embora o Primeiro-ministro porque não gostamos de austeridade, como vai ser quando chegar o FMI?
E terceiro, porque não sei o que raio hei-de fazer com o boletim de voto. Não quero votar num partido no qual não confio e não confio em nenhum partido. Como não aparece lá a fotografia deles, como aparecia nas Presidenciais, não lhes posso desenhar bigodes. Posso votar no Mourinho?

Por fim, deixo-vos com uma música de que gosto muito e que me veio à cabeça a meio do texto.

Sem comentários: